“Ele é todo Cagaréu. É tradição engarrafada, que viaja a bordo de um moliceiro. Da mesma matéria que a Ria, tem a força do marnoto e perseverança da salineira. O Licor de Aveiro nasceu agora, mas sempre existiu. Como um milagre, que pode muito bem ser o mais recente da autoria de S. Gonçalinho. E a fazer fé na fama do santinho, podemos estar perante o casamento perfeito entre Aveiro e um novo símbolo. A confiança é muita. E a avaliar pelas primeiras apresentações ao mun­do, a bebida nascida na Beira Mar foi às cavacas buscar a doçura, mas trouxe também aque­­le ar durão. Que o digam os russos, que assistiram, na fila da frente, às primeiras conquistas do Licor de Aveiro. É assim que se apresenta. Antes de voar­mos até Moscovo para os relatos de um sucesso por poucos sonhado (ver texto secundário), convém fazer as apresentações. O pomposo do Licor de Aveiro nasceu oficialmente em Setembro, mas conta uma história ancestral: a do Licor de Alguidar, tão típico do mais tradicional dos bairros aveirenses. Rui Martins, que deu esta nova roupagem a uma receita cente­nária, fala do licor com um entusiasmo de menino. Com os olhos a brilhar e a mente já no próximo sonho. “Nascido e criado na Beira Mar”, este professor de Educação Física começa por explicar que, na sua casa, “sempre se fez o licor de alguidar em família”, sobretudo na época das festas de S. Gonçalinho. É por isso que gosta de recorrer a determinada frase para introduzir a forma como o Licor de Aveiro surge na vida da sua família, como resposta a uma situação de desemprego da esposa e às consequentes dificuldades de um casal que tem de cuidar de quatro filhos: “antes de quereres ganhar dinheiro, lembra-te do que sabes fazer”.

in Diário de Aveiro – fonte – http://www.diarioaveiro.pt/noticia/3112